Apresentação

São oito pinturas, três objetos e dois desenhos que produzem uma comovente homenagem ao mestre holandês, apoiada em “…relação audaciosa e fraterna criada entre elementos e personagens da vida e obra do atormentado pintor e a sensível cumplicidade de quem muito pôde se aproximar, em sua dimensão mais profunda, do verdadeiro dilema da arte”, conforme observa a crítica e historiadora Maria Elizabete Santos Peixoto no prefácio incluído no catálogo da exposição.

Cláudio Valério Teixeira, que já expôs com sucesso em Fortaleza há dois anos, desenvolveu nesta mostra trabalhos de intensa expressão dramática, com requintados recursos técnicos, de modo a estabelecer uma visão sincera e profundamente emotiva sobre o mundo de Van Gogh. Veja-se por exemplo o quadro Domingo. 27 de julho, em que a figura do artista, diante do cavalete em uma paisagem típica das suas mais famosas obras, encara o espectador com um olhar entre enigmático e perplexo. Do mesmo modo, o quadro Angelus combina o drama da morte de Van Gogh com alusões à sua admiração pela pintura de Millet e o permanente apoio do irmão Theo, enquanto Mistral acentua a solidão e a coragem que marcaram sua vida.

Dentre os objetos tridimensionais, as duas caixas de pintura possuem forte carga simbólica: associando elementos visuais de pinturas célebres, como os corvos e ciprestes que Van Gogh pintou, a objetos como uma navalha e um revólver, de significado iminentemente violento, produzem um sentido que define com fidelidade a natureza de alguns dos principais momentos críticos na existência do homenageado. O mesmo pode ser dito em relação ao Auto-retrato sem coragem de cortar a orelha, no qual o autor da homenagem se representa em seu ateliê, empunhando a paleta de pintor e, além dos plncéis, também uma navalha.

Cláudio Valério Teixeira estará em Fortaleza para a abertura da mostra, que será Inaugurada no próximo dia 6 de dezembro às 21 horas e permanecerá aberta à visitação pública até o dia 31 de dezembro de 1990, na Galeria Multiarte.