Apresentação

Após uma longa ausência, reencontro através de amigos recentes Edgar Duvivier no apogeu da sua criação. Minha última referência sobre as obras fora em 1982, quando da exposição realizada na Galeria Paulo Klabin, no Rio de Janeiro. Nosso novo encontro aconteceu por ocasião da organização de sua recente exposição no Museu Nacional de Belas Artes, uma mostra com caráter retrospectivo abarcando a sua trajetória dos últimos cinquenta anos de vida artística. As minhas  descobertas foram acontecendo lentamente, Primeiro, um pequeno conjunto de pedras esculpidas, mais adiante, um núcleo de figuras em bronze, até a abertura definitiva de sua exposição, quando tive a oportunidade de ver toda a sua vida esculpida em pedras e fundida em bronze.

A seleção das obras expostas na Multiarte, feita em conjunto com o artista, é uma tentativa de extrair o que de mais expressivo foi criado entre. os bronzes e mármores. Além disto, o catálogo editado para a mostra do MNBA também poderá ser apreciado pelo público de Fortaleza.

Agora, o mais importante: Em uma tarde chuvosa de uma quarta-feira qualquer, fui chamado pelo artista para ver sua nova criação. Uma mulher de 1,80m estava brotando em seu ateliê. Suas formas sinuosas e insinuantes pareciam ter vida. E tinham…

Em terracota, envolta em panos molhados, – para manter-se úmida e maleável,- sou convidado a desnudar aquela figura enorme, num ambiente em que mal cabíamos nós três. Fui aos poucos descobrindo as formas: primeiro os braços, depois as pernas, o rosto até então coberto pelos panos, enquanto o artista acariciava sua obra, tentando aperfeiçoar as formas humanas, preparando-a para o processo de transposição do barro para o gesso para, em seguida, ser fundida em bronze.

Para mim, a figura tinha vida e eu ajudava a dar-the o sopro final. A emoção de ter sido destinguido para acompanhar este processo é inesquecível, Pude ver claramente a intenção

do artista em me aproximar da sua obra, Nada disso foi um sonho, pura realidade, Edgar Duvivier cria, aos 82 anos, com a mesma intimidade de cinquenta anos atrás, Que privilégio.

Por isso, é com enorme prazer que a Multiarte, em comemoração do décimo aniversário do início de suas atividades, apresenta-lhes o artista Edgar Duvivier e sua obra.

Max Perlingeiro
Diretor