Exposição Universo gráfico de Candido Portinari

Apresentação

CANDIDO PORTINARI nasceu em uma fazenda de café na cidade de Brodowski, interior de São Paulo. De origem humilde, descendente de imigrantes italianos, contava somente com instrução primária. Ainda muito jovem, veio para o Rio de Janeiro e matriculou-se na Escola Nacional de Belas Artes. Foi aluno de desenho figurativo de Lucílio de Albuquerque e de pintura com Rodolfo Amoedo, Batista da Costa e Rodolfo Chambelland, os grandes mestres da arte acadêmica, tendo como companheiro de academia o cearense Vicente Leite, seu grande amigo até a morte prematura deste, em 1941. A partir de sua formação, em 1928, conquistou o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro da Exposição Geral de Belas-artes, o mais cobiçado prêmio disputado pelos artistas. Viaja para Paris, na França, e ali permanece até o ano de 1931.

Sua chegada ao Brasil foi determinante e, aos poucos, superou sua formação acadêmica. Assim, a pintura de Portinari torna-se moderna com uma conotação social bastante acentuada. Nessa época, participa do “Salão Revolucionário”, como fica conhecida a 38ª Exposição Geral de Belas-artes, de 1931, em razão de ter abrigado, pela primeira vez, artistas de perfil moderno. O evento foi organizado pelo arquiteto e urbanista Lucio Costa, durante sua curta administração, entre 1930 e 1931. Nas palavras de Lucio Costa:

“O Salão, por exemplo – que exprime sobejamente o nosso grau de cultura artística –, diz bem do que precisamos. De ano para ano, tem-se a impressão de que as telas são sempre as mesmas, as mesmas estátuas, os mesmos modelos, apenas a colocação ligeiramente varia. Apesar do abuso de cor (ter colorido gritante, julgam muitos, é ser moderno), sente-se uma absoluta falta de vida, tanto interior como exterior, uma impressão irremediável de raquitismo, de inanição […]. Tem-se a impressão que vivemos em qualquer ilha perdida no Pacífico, as nossas últimas criações correspondem ainda às primeiras tentativas do impressionismo”.

A Comissão Organizadora do Salão de 1931 optou por não excluir nenhum dos trabalhos inscritos, o que fez com que a mostra tivesse um número recorde de obras expostas: 506 pinturas, 129 esculturas e 35 projetos de arquitetura. Entre os participantes, estavam alguns dos principais pioneiros do modernismo brasileiro, além de artistas um pouco mais jovens, que só então começavam a aparecer, como: Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Ismael Nery, Cicero Dias, Alberto da Veiga, Guignard, Di Cavalcanti e Gomide. Ainda segundo Lucio Costa: “Três novos artistas se firmam de forma definitiva no Salão: Vitorio Gobbis, Guignard e Portinari [que participa com 17 obras]. São para mim as revelações do Salão”.

Tais fatos históricos serviram como pano de fundo para apresentar a exposição e a publicação O Universo Gráfico de Candido Portinari, em que o processo criativo do artista é mostrado plenamente, de acordo com núcleos temáticos, para uma melhor compreensão de seu trabalho.

Portinari produziu, ao longo da vida, aproximadamente 5.400 obras: pinturas, desenhos e gravuras, todas catalogadas e reproduzidas em cinco volumes – Candido Portinari Catálogo Raisonné –, os quais se constituem na principal fonte de pesquisa monográfica de um artista brasileiro. Trata-se um estudo sem precedentes, fruto de um trabalho de cerca de 40 anos feito pelo Projeto Portinari, dirigido por seu filho, João Cândido.

 

Núcleos temáticos da exposição

Amigo de poetas, escritores, jornalistas, diplomatas, Portinari participou da elite intelectual brasileira em uma época em que se verificava uma notável mudança da atitude estética e na cultura do país. Participou de inúmeras exposições nos maiores museus do Brasil e do Mundo. Em 1948, Portinari exilou-se no Uruguai, por motivos políticos, onde pintou o painel Primeira missa no Brasil, encomendado pelo Banco Boavista do Brasil. Uma pequena versão desta obra encontra-se presente na exposição.

Estudos para painéis

De grande inclinação muralista, realizou os mais importantes painéis históricos e alegóricos com ênfase à nossa cultura e ao povo brasileiro. Os painéis Guerra e paz, realizados para a Organização das Nações Unidas (ONU), sem dúvida e uma das grandes referências da arte moderna brasileira no mundo.

Cenas de trabalho

Em sua obra e em seus painéis, as cenas de trabalho foram retratadas com muita intensidade e vibração. O Ciclo Econômico para o Palácio Gustavo Capanema é o exemplo maior.

Ilustrações

O artista ilustrou grandes autores brasileiros e estrangeiros a partir da década de 1930 até aos anos 1960.

Crianças

Tema muito querido pelo artista, ao longo de sua vida retratou momentos dramáticos e momentos felizes. Seu filho, João Cândido, esua neta, Denise, foram modelos de várias destas obras. Um ponto alto em sua produção é a série Meninos de Brodowski, constituída de 22 desenhos que retratam garotos da cidade natal do artista.

Retirantes

Portinari era um humanista e sempre retratou com muita dramaticidade a dura vida dos migrantes nordestinos.

Figura humana

O tema essencial da obra de Portinari é o Homem. Seu aspecto mais conhecido do grande público é a força de sua temática social. Embora menos conhecido, há também o Portinari lírico. Essa outra vertente é povoada por elementos das reminiscências de infância na sua terra natal: os meninos de Brodowski … o circo; os namorados; os camponeses…o ser humano em situações de ternura, solidariedade e paz.

Cenas religiosas

Apesar de declarar-se ateu, Portinari tem uma grande produção de obras religiosas, em várias técnicas, de painéis de azulejos a desenhos e pinturas.

Guerra e Paz

Os painéis Guerra e Paz foram realizados entre 1952 a 1956, como encomenda do governo brasileiro para presentear a ONU na cidade de Nova York. Os primeiros estudos para a obra surgiram em 1952. E centenas de outros em papel foram feitos até sua execução definitiva. Sua monumentalidade impressiona até hoje a quem tem a oportunidade de vê-los. Ambos medem 14 x 10 metros. Por esse feito, o artista ganha, em 1956, o grande prêmio concedido pela Solomon Guggenheim Foundation de Nova York. Antes de viajarem para os Estados Unidos, os painéis são apresentados no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e o crítico de arte e jornalista Mário Barata publica no jornal Diário de Notícias: “Nunca, na arte moderna do mundo inteiro, um pintor viu as suas obras substituírem-se aos acordes de Wagner e Verdi, à fantasia dos ballets de Chopin, à majestade das orquestras sinfônicas”. Pela primeira vez, no século XX, o maior teatro de uma cidade transforma-se em templo da pintura. A triste notícia é que a Portinari não foi permitido ver seus painéis instalados no ponto nobre do edifício-sede da ONU em Manhattan. Por ser filiado ao Partido Comunista, seu visto de entrada aos EUA foi negado pelo governo americano.

Série Israel

Em 1956, o pintor foi convidado pelo presidente do Estado de Israel Yitzhak Ben-Zvi para visitar o recém-criado Estado de Israel, fundado em 1948. Tal fato resultou em uma série de desenhos e pinturas retratando a paisagem, a cor, os costumes, as festas e a religião. A produção levou a uma primorosa edição feita por seu amigo, o poeta, escritor e crítico de arte italiano Eugenio Luraghi, com prefácio do pintor e diplomata israelense Arie Aroch: Israel. Disegni di Candido Portinari [texto em italiano, inglês, francês e espanhol], 1957.

PORTINARI E SUAS POÉTICAS

A mim sempre emociona, ver nascerem as personagens. Flagrar os bastidores do processo artístico – encontrando as fases iniciais de um projeto, com suas hesitações, experiências provisórias, testes – costuma ser uma lição de humildade e talento. Ninguém chega ao seu melhor sem passar por exercícios – e, ao mesmo tempo, quando o criador tem verdadeira perícia, um rascunho de sua obra já traz a marca do gênio. É um privilégio ter acesso a manuscritos, esboços, notas que mostram o trampolim de uma ideia, o lampejo – seguido por alguns recuos, ajustes… até que, de repente, o artista achou o ponto profundo, o caminho dentro do qual seguirá, firme e feliz.

A exposição sobre o universo gráfico de Portinari, em cartaz na galeria Multiarte, de Fortaleza, abre ao público a chance de viver esta experiência. Mas não somente adentramos a intimidade criativa do pintor: pelos seus desenhos, percebemos a vasta multiplicidade técnica que ele dominava.

Alguém que percorresse as seções desta mostra sem atentar para qualquer notícia, digamos, um visitante (nesta hipótese que agora invento) distraído a ponto de sequer saber que o mesmo autor – Candido Portinari – unifica todas as obras, essa pessoa facilmente poderia sair com a sensação de ter visto uma coleção de vários artistas. Porque, no fundo, são muitas as fontes que Portinari aciona, na complexidade de seu(s) estilo(s). A sua poética é híbrida, plural – conforme o tema, a fase, a matéria plástica.

Há cenas de ação agrícola, ciclos do trabalho – e os famosos retirantes, os despejados da terra e da sociedade. Os estudos para quadros mostram o treino (somos convidados a presenciar um ensaio antes do espetáculo), o artista manipulando seus temas preferidos. Figuras em reza, crianças desfalecidas: muitos corpos disformes que se apresentam quase

como fantasmas, máscaras de dor. Este é o Portinari mais conhecido – e que prazer acompanhar o palimpsesto de seu processo, o surgimento de suas criaturas pelo traço!

Eu me detenho diante dessas mulheres que seguram crianças mortas: levam os corpinhos rijos logo abaixo dos seios – os filhos são a trava a lhes barrar o gesto, um corpo que elas não oferecem nem agarram, apenas sustentam, exatamente ali, horizontalmente sob o peito. Quando eles forem tirados delas, certamente o seu movimento será o de levantar as mãos vazias para o alto. Desespero ou prece?

Há uma partitura em Portinari.

Mas há ritmos inesperados, muitos, nesta exposição. E o novo chega ao máximo impacto, pela mudança estilística.

Na série Israel, encontramos um desenhista viajante, voltado sobretudo para a rapidez do registro, o reconhecimento do território. Vejo o traço veloz desta pequena imagem: árabe e israelita. Logo depois, na seção dedicada às ilustrações, encontro a multiplicidade com que Portinari abrilhantou, por exemplo, livros de Graham Greene ou André Maurois. Posso apenas reconhecer a mesma dança convulsiva, aplicada antes na paisagem de Cafarnaum, e agora investida na rispidez das Figuras (de 1954, em grafite), feitas para A cidade assassinada, de Antonio Callado. O restante da seção é um mistério mágico.

Os três desenhos surrealistas de 1936, feitos para poemas de Manoel de Abreu, trazem uma densidade lenta em sua textura aveludada, com o sfumato que indica a destreza no uso do carvão. E, se parece inesperado encontrar Portinari praticando surrealismo, mais adiante – nos Estudos para Painéis – juramos encontrar um trecho de Guernica numa peça de 1942, em nanquim. Saímos desta influência de Picasso para, bem perto, flagrar dois desenhos de animais – um tamanduá e uma corça – que se diria pertencerem ao caderno de um artista-viajante do século XIX.

Tudo isso é Portinari.

E ainda as cenas religiosas, com este belo Profeta, que me captura pela expressão de firmeza viril. Mais discreta, descubro a avó, Nonna, numa cabeça feita em malha de riscos. Seu traçado é semelhante ao de outra cabeça – este Rosto de mulher, de 1960, que parece surgir de um novelo, com os leves pontos de cor do lápis. Estamos diante de figuras familiares, e esta sensação foi bem premeditada. Dentre tantas técnicas, o artista sabe à perfeição o que usar, segundo o seu intento dramático.

Mas eu me rendo por completo é com esta pequena Mulher chorando, de 1955. O que temos, por um lado, parece tão pouco: uma postura debruçada, que se esconde sob os cabelos, simples feixes verticais a escorrerem por um corpo do qual praticamente se veem somente os pés, esquálidos. Nada poderia ser mais anônimo do que este vulto feminino em desespero – e, no entanto, nada é mais potente como tradução visual de um sentimento, todos os sentimentos pelos quais as mulheres ao longo dos séculos choraram.

Fecho os olhos diante desse quadro, para buscar uma forma de silêncio. Ali, no meu escuro interno, ainda o tenho. Ele está comigo inclusive enquanto termino este texto.

Portinari persiste.

Tércia Montenegro

Professora e escritora

Convite virtual

Projeto Portinari

João Cândido Portinari, matemático, é fundador e diretor do Projeto Portinari.

 O Projeto Portinari é um “trabalho de amor e técnica”, como o definiu o biógrafo do pintor, o escritor e jornalista Antonio Callado (revista IstoÉ, 14/4/1982). Embora voltado para o resgate sistemático, minucioso e abrangente de uma obra, uma vida e uma época, ele não se posiciona como um movimento saudosista ou encomiástico. Seu sentido real está em converter o passado em um fermento para o futuro.

Lembro-me quando, há exatos 40 anos, foi se esboçando em mim a necessidade de fazer o Projeto Portinari. O Brasil saía do Regime Militar e, com a Anistia, brotavam por toda parte e em todos os setores da vida nacional movimentos e projetos dedicados a buscar o país, a resgatar, para nós mesmos e, sobretudo para as novas gerações, as criações dos homens e mulheres que construíram a nossa arte e a nossa cultura, este largo e poroso corpus que define o que é ser brasileiro.

Eu já estava há quase 13 anos no Departamento de Matemática da PUC-Rio. Deixara o Brasil em 1957, aos 18 anos de idade, e, ao fim de um período de 10 anos de estudos no exterior, voltara, munido de um Ph. D. do Massachusetts Institute of Technology e do diploma de engenheiro de telecomunicações, conferido pela École Nationale Supérieure des Télécommunications, em Paris (ali  ingressei, via concurso nacional, após ter cursado, o internato do Lycée Louis-le-Grand). Vinha com a missão de ajudar a criar o Departamento de Matemática da PUC-Rio, do qual eu viria a ser um dos primeiros diretores, em 1968, e onde permaneci, em regime de tempo integral e dedicação exclusiva, até 1979.

Enquanto isso, como estava a obra de Portinari naquela época? Falecido há 17 anos, sua memória ia se esfacelando. À época em que começava o Projeto Portinari, o jornal O Globo publica um artigo de página inteira com a manchete “Portinari, o pintor. Um famoso desconhecido”. Ali o repórter indagava: “… Mais de 95% da obra do maior pintor brasileiro contemporâneo hoje é inacessível ao público, guardada em coleções particulares. O que foi feito do trabalho de um homem que durante toda a sua vida exprimiu emocionadamente a alma, o povo e a vida brasileira?” Essa mesma pergunta também fora formulada por Antonio Callado: “Segregado em coleções particulares, em salas de bancos, Candinho se vai tornando invisível. Vai continuar desmembrado o nosso maior pintor, como o Tiradentes que pintou?”

De fato, não se conhecia o paradeiro da maioria das obras do pintor. Os livros publicados sobre a sua obra e vida estavam todos esgotados e sem perspectivas de reedição. Nunca havia sido realizada uma exposição retrospectiva, não existia catalogação de suas obras, e nenhum museu brasileiro possuía uma amostra minimamente representativa da grande produção portinariana. Tristemente, pude constatar in loco naquela ocasião que o Museu de Arte Moderna de Nova York possuía mais informações sobre Portinari do que todas as instituições brasileiras reunidas.

Nos seus 40 anos de atividade, o Projeto Portinari levantou, além de 5.400 pinturas, desenhos e gravuras atribuídos ao pintor, mais de 25 mil documentos sobre sua obra, sua vida e sua época. Só com o Programa de História Oral foram registrados 72 depoimentos, totalizando mais de 130 horas gravadas. Em seu arquivo de correspondências, o

Projeto conta hoje com mais de 6 mil cartas. A mais recente aquisição é o conjunto de cartas enviadas por Portinari a Mário de Andrade, cedido pelo Instituto de Estudos Brasileiros, da Universidade de São Paulo. O acervo de fotografias históricas, filmes e recortes de periódicos (mais de 10 mil), livros, monografias, textos e memorabilia variada completa um fecundo itinerário de acesso a mais de quatro décadas de fundamental importância para a vida do país. O levantamento dessas obras e documentos levou a equipe do Projeto Portinari a percorrer todo o território brasileiro e mais de 20 países das três Américas, da Europa e do Oriente Próximo. Foram descobertas telas como o Baile na roça, a primeira do artista com temática brasileira, pintada aos 20 anos de idade.

Em 1997, o Projeto Portinari realizou, no Museu de Arte de São Paulo (Masp), a primeira retrospectiva da obra de Portinari e deu início a um amplo programa de arte-educação, que já atingiu mais de 500 mil pessoas em todos os estados brasileiros. Portinari escreveu: “…o homem merece uma existência mais digna. Minha arma é a pintura…”. Para ele, o pincel era uma arma, mas uma arma a serviço da não violência, da justiça social, da cidadania, da liberdade, do espírito comunitário, da fraternidade e do respeito à vida. São estes os valores que pulsam forte na sua obra, e em sua mensagem ética e humanista, e que o Projeto Portinari tem levado – especialmente às crianças e aos jovens – por todo o país.

No biênio 2003-2004, em que se comemorou o centenário de nascimento do pintor, o Projeto Portinari realizou um conjunto de ações e eventos comemorativos, tendo como marco a publicação do catálogo raisonné Candido Portinari – obra completa, em cinco volumes e mais de 5 mil páginas. Resultado de 25 anos de trabalho, foi a primeira publicação dessa natureza em toda a América Latina. Publicou também uma cronobiografia ilustrada intitulada Candido Portinari, o lavrador de quadros.

No período 2010-2015 o Projeto Portinari ficou com a guarda do díptico Guerra e paz, promovendo o seu restauro, e sua exposição no Rio de Janeiro, em São Paulo, Belo Horizonte e Paris. Um dos grandes desafios enfrentados pelo Projeto Portinari, dentro e fora do Brasil, foi, sem dúvida, a questão das obras falsas. Tantos foram os problemas de atribuição de autoria que recorremos aos recentes avanços científico-tecnológicos para apoiar a detecção de pinturas falsas. Graças a um trabalho conjunto das áreas de Matemática, Física e Informática, foi possível ao Projeto propor um novo caminho, usando recursos das áreas de inteligência artificial, classificação automática e redes neurais, entre outras.

O Projeto Portinari foi assim buscando, na própria prática de sua execução, a solução para os problemas que se iam apresentando, como os problemas técnicos ligados à captura digital das imagens, à fidelidade de sua reprodução, às suas indexação e catalogação, às diversas facetas da recuperação automática das informações etc., desafios gerados pelas

necessidades concretas com que se deparava o Projeto, mas cuja solução dependia do progresso tecnológico. O fato de ter nascido na universidade, no contato diário com os seus diversos departamentos, especialmente aqueles das áreas científico-tecnológicas, fez com que o Projeto Portinari se tornasse uma ponte entre as atividades artístico-culturais e aquelas de ciência e tecnologia, um espaço inter e transdisciplinar, transversal às atividades de muitos departamentos.

Em fins do ano passado, a ONU nos cedeu novamente a guarda do díptico Guerra e Paz, desta vez para expô-lo na Sala delle Cariatidi, no Palazzo Reale, em Milão, no período 2020/2021. E este ano foi firmada uma parceria entre o Projeto Portinari e o Google Arts and Culture Program, que coloca todo o acervo documental do Projeto Portinari na plataforma Google, com a utilização plena de recursos inovadores do Google, como street views, exposições virtuais e a Camera Art Pixel, que permite a visualização de obras em altíssima resolução com a tecnologia Gigapixel, entre outras.

Carlos Drummond de Andrade, em artigo para o Jornal do Brasil, em 3/4/1982, escreveu: “… Trabalham discretamente os executantes do Projeto Portinari, mas deve cercá-los a confiança e o carinho dos que pensam no Brasil de amanhã nascendo do espírito e das mãos dos brasileiros de hoje…”.

Ao longo de sua trajetória, foram outorgados vários prêmios, ao seu fundador e diretor-geral, João Cândido, e ao Projeto Portinari, como instituição: Prêmio Clio de História, 2004 (APH); Prêmio Sérgio Milliet, 2004 (ABCA); Prêmio Jabuti, 2005 (CBL); Prêmio Rodrigo Mello Franco de Andrade, 2005 (Iphan); Ordem do Mérito Cultural, 2008 (MinC); Ordem do Mérito Militar, 2010 (ESG); Ordem do Mérito da Defesa, 2010 (Ministério da Defesa); Medalha Marechal Cordeiro de Farias (ESG); Medalha Antonio Olinto, 2010; Prêmio Trip Transformadores, 2011 (Trip Editora); Prêmio Ciccillo Matarazzo, Personalidade do Ano, 2012 (APCA); Prêmio Aberje de Comunicação, Regional São Paulo, 2012 (Aberje); Prêmio Paulo Mendes de Almeida – Melhor Exposição, 2012 (ABCA); Ordem de Rio Branco, 2014 (MRE).

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