Candido Portinari | 1994

Apresentação

No próximo dia 22 de novembro, às 21 horas, a Galeria MULTIARTE estará inaugurando a exposição CÂNDIDO PORTINARI (1903-1962), compreendendo trinta e sete obras entre pinturas, desenhos e gravuras selecionadas de maneira a representar analiticamente as diversas fases de produção do artista.

CÂNDIDO PORTINARI foi um dos principais mestres do modernismo no Brasil, e sua obra vasta e diversificada constituiu-se em verdadeira epopéia estética. No que se refere ao universo temático, preocupou-se com a enorme variedade de graves situações sociais de seu tempo, observando-as e interpretando-as sem qualquer ambigüidade e muitas vezes até com ríspida violência. Assuntos rudes e assuntos delicados, da vida sertaneja aos sonhos infantis; questões intangíveis e questões concretas,- da religiosidade à vida cotidiana dos trabalhadores: tudo enfim, em nossa sociedade e nossa cultura, foi objeto fértil para sua arte.

Certamente foi o primeiro dentre os pintores brasileiros a alcançar verdadeiro reconhecimento internacional, bem como em muitas outras situações seu pioneirismo foi também indiscutível. Da grandeza deste artista as obras que integram a presente mostra são uma breve e concisa demonstração, proporcionando o prazer de revisitar alguns momentos singulares de sua múltipla produção criativa.

O catálogo publicado por MULTIARTE, contém reprodução de todas as obras expostas, e constitui importante documento bibliográfico.

CÂNDIDO PORTINARI

CÂNDIDO PORTINARI

Nasceu em Brodósqui, SP, em 1903 e faleceu no Rio de Janeiro em 1962. Filho de imigrantes italianos, transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1918 e, ingressando na Escola Nacional de Belas Artes, estudou com Rodolfo Chambelland (1857-1941 ) e Lucílio de Albuquerque (1877-1939). Iniciou sua participação na Exposição Geral de Belas Artes em 1922, recebendo, em 1923, a medalha de bronze e, em 1928, com um retrato do poeta Olegário Mariano, o prêmio de viagem ao exterior. Retornou da Europa em 1930 e, fortemente apoiado pelo grupo de intelectuais que colaborava com o então ministro de educação e cultura, Gustavo Capanema, deu início, no Rio de Janeiro, à segunda etapa do modernismo brasileiro, do qual foi uma das figuras centrais. Com a tela Café recebeu menção honrosa em mostra organizada pelo Instituto Carnegie, de Pittsburgh, EUA, em 1935, Lecionou na Universidade do antigo Distrito Federal, no Catete, de onde saiu para realizar a série de murais do novo edifício do Ministério da Educação e Cultura, sobre os ciclos econômicos do Brasil. Foi também autor de diversos outros murais, no país e no exterior, entre eles o da capela franciscana da Pampulha, em Belo Horizonte, o Tiradentes. De Cataguases (hoje em Sâo Paulo), além dos painéis Guerra e Paz, para o edificio da ONU, em Nova torque e o Descobrimento do Brasil, para a Biblioteca do Congresso, em Washington. Expôs individualmente em museus e galerias do Rio de Janeiro, Detroit, Nova torque, Paris, Buenos Aires, Montevidéu e Tel Aviv. Suas obras participaram, da Bienal de Veneza, em 1950, e da mostra Arte da América Latina desde a Independência, que percorreu os Estados Unidos em 1966.

 

Texto extraído do Livro Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, Edições pinakotheke, RJ 1985