Exposição e o livro
Luciano Figueiredo – Próxima Parada

Apresentação

A primeira exposição de Luciano Figueiredo em Fortaleza, em 2012 – sua primeira fora do eixo Rio–São Paulo, teve, para nós da Multiarte, um significado especial porque, além de marcar o retorno do artista à cidade natal depois de 54 anos, coincidiu com a inauguração de nossas novas instalações, um novo ambiente cuidadosamente adaptado para o mundo contemporâneo. Esta exposição teve um caráter retrospectivo, com obras históricas dos anos 1980 até sua produção dos anos 2000.

Apresentá-lo novamente agora, em 2020, quase dez anos depois, é um grande privilégio. Atualmente, Luciano divide-se entre a França, em seu ateliê em Blois, e o Brasil, no Rio de Janeiro, onde reside há 50 anos. Neste período, o artista participou de exposições significativas, cabendo ressaltar a retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em 2017 com a curadoria de Paulo Miyada.

A exposição Luciano Figueiredo: Próxima Parada vem sendo planejada desde 2018. O curador, economista e colecionador, profundo conhecedor de arte contemporânea Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho foi convidado para esta exposição com intuito de desvendar laços de um passado quase desconhecido de um Luciano ainda em formação, o que trás para o público que o acompanha, uma melhor compreensão de seu rico processo criativo, e indo além apresentando uma forte ligação do trabalho de Luciano com o cinema e a poesia Recentemente sua obra foi inserida no acervo do museu Centro George Pompidou, Paris, França

“Não é possível compreender a obra de Luciano sem uma ampla visão de sua trajetória. O que aparece na superfície não se revela sem a necessária profundidade”. O artista antes de se tornar referencia nas artes visuais tem um histórico respeitável em outras visualidades “A questão experimental marcou seu espírito inquieto. Falar de sua participação nos movimentos da contracultura é lugar comum nos registros de época. A publicação da emblemática revista Navilouca deu a Luciano muito cedo o destaque merecido como um dos principais diagramadores e artistas gráficos do período. Não parou aí. Com repertório ampliado, produziu capas de discos, desde 1969, para Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jards Macalé, Jorge Mautner, Maria Bethânia e Marina Lima. Como cenógrafo e ativo coparticipante em diretorias de arte, atuou em eventos públicos de Macalé (Teatro da Praça, 1970), Gal Costa (Gal a Todo Vapor, 1971), Gilberto Gil (Luar, 1981) e Caetano Veloso (Velô, 1983). No cinema com Júlio Bressane, são notórios seus trabalhos em Brás Cubas (1984), Tabu (1982) e O gigante da América (1978).”

Na atual exposição, denominada Próxima Parada, título do álbum de estúdio de Marina Lima lançado em 1989, com design de Luciano Figueiredo, são exibidos dois núcleos de obras recentes e um histórico, com a instalação completa do Livro de Sombras 2, exatos dez anos após sua única montagem no Oi Futuro no Rio de Janeiro em 2010. Nos dois núcleos contemporâneos, são apresentados quatro maquetes, 23 novos relevos em tecido e três novos poemas visuais da série Kinomania, além de um tríptico revelador. No núcleo histórico, somando-se ao livro e aos filmes, são expostos três exemplos de seu talento gráfico como designer: as capas dos álbuns Barra 69 de Caetano e Gil, Cores, Nomes de Caetano Veloso e o já citado álbum de Marina Lima.

Na abertura da exposição será o lançamento do livro Luciano Figueiredo: Próxima Parada, bilingue (português e inglês), com ampla documentação fotográfica histórica e a reprodução de todas as obras expostas com textos de Max Perlingeiro, Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho e poema de Antonio Cicero.

LUIZ CHRYSOSTOMO DE OLIVEIRA FILHO

É presidente do Conselho do Museu de Arte do Rio – MAR, membro do Conselho do Museum of Modern Art, MoMA Archives and Library-NY e do Comitê de Investimentos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio, tendo sido, anteriormente, conselheiro do Museu Nacional de Belas Artes – MNBA, da Casa França -Brasil e da Escola de Artes Visuais do Parque Lage – EAV. Luiz é economista, sócio-diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças, sócio-senior da Neo Investimentos e Diretor da ANBIMA. Membro de Conselho de várias instituições brasileiras e internacionais, foi professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC Rio e da Universidade Federal Fluminense – UFF. É autor e coautor de diversos livros na área de Mercado de Capitais e Economia do Setor Público.

Núcleos temáticos da exposição

Relevos

Na série de relevos apresentada, Luciano constrói novamente seus relevos com dobras que estratificam planos, espaços vazados (a serem preenchidos por quem os observa), em múltiplas cores, nuances de planos hipotéticos, alguns incompletos. Ao dar volume, ele induz o observador a girar em torno das obras, como que gerando a sensação de uma busca necessária, descortinando o que não pode ser tocado. Usando formatos geométricos alternados, desafia as combinações de tons. Quando expostos em fundo branco, aludem a pipas no espaço, lembranças de seu próprio imaginário. São vivências passadas.

Kinomania

É uma série que tem origem nos anos 1980. Nessas obras, o artista articula poemas visuais na interação cinema-artes plásticas de forma bi- dimensional. O recurso do uso de palavras, textos, pintura acrílica e frases curtas (junto com colagens de imagens superpostas), pontua seu foco. São homenagens ou “discursos” dinâmicos, quase como se houvesse movimento. Lança mão de “planos recortados”, como em uma montagem cinematográfica. Aqui, Luciano pinta com uma moviola.

Livro de sombras 2

Veio ao mundo inovadoramente como uma colaboração tripartite: artista, cineastas e poeta. Luciano deu forma ao livro, Antonio Cicero inspirou-se para criar poema homônimo, e Katia Maciel e André Parente produziram o Filme-livro e o Livro- filme. O primeiro são experimentos de uma câmera sobre o objeto-livro ao som de dois clássicos de Godard, Le Mépris e Alphaville. O segundo dá status de cinema ao livro-objeto, ao possibilitar ritmo às páginas que não se pode tocar. Da mesma maneira, o poema também segue o movimento de cinema. Ele assume a forma cinema- fotográfica ao ser projetado como créditos de um filme.

Obras

Convite virtual

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